sábado, 1 de outubro de 2011

CAPÍTULO XIV- De volta ao segundo andar

Eu sabia o andar que o pintor deveria morar. A outra noite que o seguira ele foi até o segundo andar, então era lá que eu deveria retornar.

A lembrança do amante de Dellas, a moldura que ele confiou aos cuidados dela e a frase, escrita nela, sendo as mesmas palavras saídas da boca do pintor durante sua alucinação. Já não me restava dúvidas de que tudo estava relacionado. E este homem tão misterioso que há dias cruzava meu caminho, eu agora, mais do que nunca, queria saber quem era.

Fui até o segundo andar, bati em cada porta, todas se abriram para mim e seus respectivos moradores me perguntavam por que eu incomodava. Ao fim da minha busca incessante e, na esperança de a cada porta encontrar com o pintor, me deparei com pequenas gotas de sangue pelo chão do corredor, elas me levavam, como uma trilha, até a porta de número 215, era a única que eu ainda não havia batido. Só podia ser ele e deveria estar ferido pela queda no quarto.

Bati por algumas vezes, não obtive resposta. Mais uma vez ele deveria estar com medo de me encarar. Voltei ao meu quarto e procurei lápis e papel e escrevi para ele. Novamente no segundo andar empurrei o bilhete por baixo da porta. E voltei ao meu quarto, mais uma vez decepcionada.

Será que ele estava muito ferido? Teria desmaiado novamente? De repente uma aflição tomou conta de mim. A razão dele não ter me atendido não era simples receio, mas algo de mais grave podia ter acontecido a ele. A imagem dele desacordado no chão coberto de sangue me deixou em pânico. Ele poderia estar morto!

A porta do meu quarto bateu forte fazendo todo meu corpo tremer. Não hesitei nem por um segundo e a abri. Era ele. Com as mesmas roupas elegantes da noite anterior, porém sujas de sangue. Seu rosto também estava sujo e o ferimento ainda deveria estar aberto, em suas mãos trazia meu bilhete. Ele me disse apenas:

– Não sei quem sou só sei que preciso de sua ajuda!

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